sexta-feira, 1 de maio de 2015

Vidal França - Discografia


Natural de Aporá, sertão da Bahia, Vidal França iniciou-se musicalmente em 1972, já em São Paulo, quando fazia parte de um trio vocal, ganhando o primeiro lugar num programa de calouros. Seguiram-se alguns anos de plena atividade em teatros, ou com apresentações em casas noturnas, sempre tendo ao lado seu companheiro Fernando Lona, interpretando músicas de Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Chico, Caetano, Luiz Gonzaga e outros.

Com a morte do amigo Lona, em 77, descobriu uma nova ideologia, passando para uma nova fase, na qual foram muito importantes suas viagens para Angola, Moçambique, Canadá e Estados Unidos, onde mostrou suas canções e procurou assimilar a música de raízes daqueles países.

De volta ao Brasil, procurou nas raízes da MPB o caminho ideal. E, para não se tornar repetitivo, eliminou de imediato suas tendências anteriores, tomando o cuidado de não focalizar a miséria e a pobreza de sua região, pois assim seria muito fácil, em vista do óbvio dessas características.



Dessa forma, procurou transmitir em sua música os valores culturais do sertão baiano, e em alguns casos, também a pobreza; porém aquela pobreza decorrente da exploração de outros, como é o caso do Vale do Jequitinhonha, onde ainda existe riqueza, mas os beneficiados são os intermediários que ganham com a comercialização do ouro, como ele mesmo afirma: “A música Vale do Jequitinhonha surgiu quando vi os barranqueiros sofrendo por falta de poder aquisitivo, vivendo em total subdesenvolvimento apesar do ouro. O problema é que, quando encontram uma pepita, sempre existe o atravessador que, aproveitando-se da ignorância dos barranqueiros, leva as pedras por preços mínimos, e geralmente, esse ouro vai para o Exterior. Portanto, a minha música é também um alerta para as autoridades, que deveriam tomar providências e legalizar a situação do Vale.”

Antes de lançar o seu primeiro disco (um compacto simples, com a música Vale do Jequitinhonha), Vidal França tornou-se conhecido entre os adeptos da música regional do agreste depois de Diana Pequeno ter gravado Facho de Fogo, de sua autoria, e que serviu para abrir as portas para o cada vez mais limitado mercado discográfico. A situação, agora, deverá melhor para Vidal, caso a Polygram cumpra a promessa de lançar um LP, inicialmente prometido para 81.

Para Vidal, a música regional é um dos caminhos que deve ser seguidos pelos nossos compositores e intérpretes, principalmente por tratar-se de um gênero que divulga os valores culturais de um povo que vive seus problemas há centenas de anos. “Somente a música poderá mostrar a condição social do homem que vive e trabalha da terra.”



Para seu disco, está preparando uma série de canções que, a exemplo de Vale do Jequitinhonha, abordam problemas econômicos que refletem na condição social do homem do sertão, como mostra nos versos da música Torre de Ouro, onde prega a igualdade econômica: “Dinheiro é temporal / não desaba todo dia / é como chuva no sertão / que há muito não se via / nessa transição / poder desgovernado / é herói da discussão / desse povo inconformado / Vem vê, a briga começou / dá cá o teu / que é o meu / dá lá o meu / que não é o teu.”

Atualmente, Vidal França está trabalhando em parceria com João Bá, compositor que veio da caatinga. A seu lado, pretende mostrar o aspecto regional e folclórico da música do sertão, ampliando a informação daqueles que estão distantes desta outra realidade cultural, deixando de divulgar apenas a pobreza e a miséria, elementos já muitos explorados por inúmeros cantadores e compositores, e que já se transformaram em atrações turísticas da região norte-nordeste.

Angelo Lacocca
Revista Música, 1981

Discografia >>> Download

[1980] Vidal França (Indisponível)
[1985] Fazenda
[1991] Cidade Bruxa
[1995] Sertão e Mar
[2002] Não é Só Forró...



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